“CINÉTICOS E CONSTRUTIVOS”
Curadoria Ligia Canongia
São Paulo, 24.08 ~ 02.10.2013
O construtivismo surgiu na Rússia do início do século XX, expandiu-se na Europa e ganhou ressonâncias gradativas em todo o mundo. O movimento propunha a arte como programa de ação didática e política revolucionária, buscando dar acesso popular à arte, por meio de signos universais, comunicação imediata e clareza formal, princípios encontrados na geometria. O preceito ideológico do construtivismo, em sua base, era a arte com função social. Havia, portanto, uma ética humanista na opção de seus artistas pela técnica e pelo racionalismo.
Dos planos geométricos às formas dinâmicas e cinéticas decorrentes da mecanização crescente da produção, a arte construtiva visava, essencialmente, fornecer uma ideia visual das transformações da realidade.
Nos dias de hoje, porém, o mundo é outro; a modernidade foi questionada por uma visão contemporânea mediada pelas sociedades neoliberais e pela crise pós-moderna dos estilos, mas a poética construtiva sobreviveu aos embates formais ao longo do tempo e manteve sua atualidade no presente. Talvez o senso democrático e universal da geometria – com formas de fácil compreensão por todas as culturas do planeta – e sua penetração estética na vida urbana estejam no âmago de sua resistência.
Produzir múltiplos nessa linhagem não faz apenas perdurar e expandir um dos mais consequentes movimentos modernos, mas, sobretudo, acentuar o caráter social da acessibilidade que o próprio construtivismo previa em sua origem.
Ligia Canongia
Curadora