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"Antonio e Raul Mourão | BOXER"

By DM Commerce

15.12.2018 ~ 31.02.2019

Raul Mourão lança múltiplo na Carbono galeria com a participação de Antonio, seu filho de 7 anos.

Vista da exposição "BOXER" de Raul Mourão

ANTONIO E RAUL MOURÃO | "BOXER”

São Paulo, 15.12.2018 ~ 31.02.2019

Se um objeto de arte é frequentemente colocado num pedestal, com placas de “não toque” e linhas isolantes no chão, a obra de Raul Mourão propõe o contrário: suas esculturas convidam o público a participar e, por vezes, ser coautor das suas criações. Em Boxer, exposição que inaugura no dia 15 de dezembro, na Carbono Galeria, em São Paulo, a proposta é que o visitante não apenas interaja ao tocar na nova escultura, mas crie o seu desenho a partir dos cinco blocos que a compõe.

“Boxer é um cachorro e também as caixas de sapato de onde eu tirei a ideia inicial para a obra”, conta Raul Mourão. “Eu vi um sapateiro atrapalhado empilhando caixas [boxes, em inglês], e percebi que aquele ato aparentemente banal formava uma representação lúdica de um cachorro”, acrescenta. Quando o carioca se mudou para Nova York, em 2013 – cidade onde ainda mantem seu ateliê – resolveu dar para seu filho, então com um ano e meio de idade, um cachorro como companhia. “Um animal que não late, não precisa sair para passear e que não gera gastos”, brinca. O artista comprou um pedaço de madeira e construiu o bicho de estimação a partir de cinco blocos. A peça acabou virando uma brincadeira de pai e filho e, com o tempo, Antonio também virou coautor da obra. Ele desmontava a escultura e criava novas – e as infinitas possibilidades de montagem despertaram, em Raul, a vontade de dividir a criação com o público.

A obra é um múltiplo de 20 edições, criadas com tipos de madeiras diferentes. Assim como os cachorros, os objetos têm características próprias de cor e peso. Na montagem da exposição Boxer, os dois cachorros originais, criados em Nova York, serão apresentados na vitrine da Carbono Galeria. Outros dez múltiplos produzidos exclusivamente para o espaço serão montados pelo Antonio - agora com 7 anos - para serem apresentados. “A exposição nasceu da nossa relação, mas é mais dele do que minha. Empilhar blocos de madeira é, provavelmente, o primeiro contato de todas as pessoas com a escultura – e é essa prática elementar que também nos conecta a essa obra”, explica.

Confira abaixo parte da entrevista com o artista:

A figura do cachorro já apareceu outras vezes na sua obra?

Já montei cachorros de diversos materiais (MDF, pedra) e de vários tamanhos também. Retomei esse trabalho mais uma vez quando me mudei para Nova York com meu filho e queria alegrar a minha casa. E essa brincadeira continuou quando voltamos para o Rio e eu trouxe os cachorros: ele começou a fazer remontagens e a criar a partir dos blocos de madeira. Agora, para Boxer, faremos múltiplos do cachorro pela primeira vez: serão vinte edições de 60 centímetros por 40 centímetros, que terão “personalidades” diferentes por conta das diversas madeiras que usaremos.

Este trabalho mostra que não é preciso ter conhecimento específico sobre arte, ser adulto e letrado para ser despertado por uma obra. Seu filho, com um ano e meio de idade, foi exemplo disso! O fato do trabalho ser um múltiplo também contribui para que este pensamento seja disseminado.

Exatamente. Boxer é uma experiência poética. É uma escultura emocional, que quer comunicar, entreter, despertar ideias, excitar alguém. Quando um cachorro pode surpreendentemente virar outras coisas, é sobre a criação de cada pessoa que estamos falando e a sua relação pessoal com aquela obra. E isso aconteceu porque uma criança me mostrou isso.

Você trabalha muito com estruturas modulares. Nas suas grandes esculturas, por exemplo, Você está aqui (exposta no MuBE, em 2016), um leve toque faz a obra se movimentar por um bom tempo. Por que é tão importante para você trazer o público para a interação?

Faz uns 10 anos que venho fazendo esse tipo de coisa. É algo muito especial para mim - e hoje mais do que nunca. A ideia da interação vem do “Please don’t touch”, o proibido mexer, que sempre está indicado ao lado das obras. Há uma distância muito grande entre a arte e o público e essa distância sempre me incomodou. Fazer o público se aproximar, então, vem se tornando cada vez mais importante para diminuir esse abismo. Alguns dos meus trabalhos precisam ser mexidos e é o movimento que dá vida a essas peças. Tem questões de volume, peso, velocidade e a força que você aplica para tira-la da inércia. Esse convite faz com que o espectador seja um coautor.

Além de artista, você também é curador, escritor, editor e ativo em debates. O que você está preparando agora?

Até o dia 2 de dezembro, estou com a individual Fora/Dentro, no Palácio da República, no Rio de Janeiro, onde ocupo o jardim com seis esculturas grandes de aço e obras menores na galeria. A última edição da Jacarandá, da qual sou editor-chefe, está prestes a tornar-se livro, pela editora Cobogó. Também estou para lançar Volume 2, a continuação de uma série de livros pela editora Automática. É um projeto de vida, um livro-revista do meu próprio trabalho – um Raul Morão revisto por mim mesmo!

 

Entrevista realizada pela jornalista Julia Flamingo

Antonio e Raul MourãoBOXER | Raul Mourão

 

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